Flores?! Conto para você como andam os dias do meu outono e das noites que ultimamente fazem mais frio à vontade de tomar sorvete; quero te contar que tem dias que o meu sorriso ainda continua o mesmo, cheio de dentes, amarelo e muita das vezes sai sem querer, quando encontro na memória coisas que me chegariam mais próximo de você. Sei, nos seus ombros eu chorei e chorei, mas confesso que muitas vezes eu só queria os seus ombros porque o travesseiro já não me bastava mais. Hoje falo que foi sim engraçado, emocionante, e quão bom foi chorar e rir ao mesmo tempo com suas caras e bocas. Agora chego e vejo que meu céu está mais azul e as flores da Alfena a deixam linda, como o Ipê que sempre floresce amarelo como o meu sorriso. Queria te contar que os meus olhos já se fecham mais facilmente, e os meus braços já estão abertos para receber a felicidades; fui embora porque aqui não tinha mais os mesmos braços. Sei perceber que existe pequenos cada dia maiores, e com os poucos e desengonçados passos percebo as muitas risadas me provocarem para o gargalhar. O abraço está guardado com o porta-retrato que espera ansiosamente a nova foto. Olhando o teto do meu quarto vejo que as estrelas ainda brilham como as do céu, já outras estão guardadas numa caixinha, caixinha que sei, ainda não está na hora de abrir e lá elas não deixam de brilhar. Enquanto isto, espero ansiosamente poder pegar a caixinha, tirar as estrelas, e colá-las no meu teto, sim quero desenhar o meu jardim, muitas flores sendo que algumas caem no outono, mas ali além da lua que é cheia, as estrelas ainda brilham forte. Onde o jardim está, eu quero te contar.
"Ele não sabe mais nada sobre mim. Não sabe que o aperto no meu peito diminuiu, que meu cabelo cresceu, que os meus olhos estão menos melancólicos. Ele não sabe quantos livros pude ler em algumas semanas. Não sabe quais são meus novos assuntos nem os filmes favoritos. Ele não sabe quantos amigos desapareceram desde que me desvencilhei da minha vida social intensa. Ele não sabe que eu nunca mais me atentei pra saudade. Que simplesmente deixei de pensar em tudo que me parecia instável. Que aprendi a não sobrecarregar meu coração, este órgão tão nobre. Ele não sabe que tenho estado tão só sem a devastadora sensação de me sentir sozinha. Ele não sabe que desde que não compartilhamos mais nada sobre nós, eu tive que me tornar minha melhor companhia: ele nem imagina que foi ele quem me ensinou esta alegria."
ResponderExcluirMarla de Queiroz